Cartão de crédito, dólar e pontos no cartão: entenda como funciona

Já aconteceu com você de, ao comprar algo em dólares no exterior, fazer os cálculos de quanto pagaria pela aquisição e se deparar com um valor consideravelmente diferente quando a fatura chegou? Você tem reparado que, comparado a alguns poucos anos no passado, seu cartão de crédito tem lhe rendido muito menos pontos mensalmente, mesmo com os valores de sua fatura mantendo-se praticamente iguais ou aumentando?
Fique tranquilo, sua calculadora não está com defeito e sua operadora de cartão de crédito não está te passando para trás. Você apenas deixou passar alguns detalhes a respeito de como tudo isso funciona.
Quer saber como funciona a conversão de dólar para real em sua fatura? Quer conhecer um pouco mais sobre a relação entre seu cartão de crédito, o dólar e o programa de pontos? Então confira logo abaixo!

Como é calculado o valor de pagamentos em dólar

Seja em busca de preços melhores ou de produtos mais sofisticados, fazer compras no exterior tornou-se um hábito do consumidor brasileiro. Nessas compras, o método de pagamento escolhido por boa parte desses consumidores é o cartão de crédito internacional; entretanto, o preço real que consta na fatura nem sempre é o preço esperado. Isso acaba levantando uma questão: como é calculado o valor a ser pago nas compras internacionais?

Conversão indireta

O primeiro ponto a ser analisado é que, se você estiver no exterior e sua compra foi feita em outra moeda, a conversão do valor dessa compra para reais não será feita de forma direta, mas sim com a utilização do dólar norte-americano.
Digamos, por exemplo, que você compre algo com seu cartão na Inglaterra e, por isso, pague em libras. A primeira conversão feita pela operadora de seu cartão será baseada na taxa de câmbio da libra para o dólar. Somente depois disso será feita a conversão para reais – está uma possível causa da diferença entre o valor real e os seus cálculos.

Câmbio flutuante

Em segundo lugar, outro aspecto relevante para que você saiba como se chegou ao valor que aparece em sua fatura é que a data em que a conversão é feita não é o dia em que você realizou a compra, mas sim a data de fechamento de sua fatura.
Sendo assim, uma vez que o Brasil opera sobre o regime de câmbio flutuante (ou seja, o preço do dólar varia diariamente de acordo com a quantidade de oferta e demanda pela moeda no país), o valor pago por você em sua aquisição pode ser maior ou menor do que o que você pagaria se a conversão fosse feita no mesmo dia.
Caso o preço da moeda aumente entre o período em que a compra foi feita e a data do fechamento da fatura, você pagará mais. Caso contrário, pagará menos.

Diferenças entre operadoras de crédito

Agora você já sabe de onde vem a diferença entre o valor calculado por você e o valor que realmente é cobrado em sua fatura. Mas e quanto é diferença de valores entre os próprios cartões para quantias idênticas em dólares, de onde ela vem?
Antes de qualquer coisa, você precisa saber que não existe no Brasil nenhum tipo de regulamentação a respeito da maneira como a conversão do dólar para o real em sua fatura do cartão de crédito deve ser realizada. A única exigência feita por parte do Banco Central às operadoras do setor é que o método utilizado, seja ele qual for, seja conhecido e conste no contrato assinado pelo contratante.
Dessa forma, nem todas operadoras de cartão de crédito optam por utilizar o mesmo método de conversão. A maioria utiliza, por exemplo, o valor do dólar turismo (a cotação negociada em casas de câmbio, agências de turismo e outros locais do tipo) nesse processo.
Entretanto, também existem algumas instituições que utilizam o dólar comercial para realizar a conversão. Esse, sim, é o valor calculado pelo Banco Central todos os dias e que é anunciado em jornais e telejornais. A taxa Ptax também é utilizada para realizar essas conversões, – essa taxa, por sua vez, é obtida a partir da média do preço do dólar entre todas as instituições que estão autorizadas a negociá-lo.

Qual é a relação entre o dólar e os pontos no cartão

Imagine a seguinte situação hipotética: no ano de 2012, você gastava determinada quantia todos os meses em seu cartão de crédito internacional, realizando a maior parte de seus gastos aqui mesmo no Brasil, mas também em algumas poucas e esporádicas compras no exterior.
Hoje, 4 anos depois, você gasta praticamente a mesma quantia mensal e tem os mesmos hábitos, mas reparou que a quantidade de pontos ganhos por meio do programa de pontos de seu cartão caiu bruscamente. O que teria acontecido?
Se você se identificou com essa situação, fique tranquilo, sua operadora de cartão de crédito não alterou seu contrato sem o seu consentimento. Na realidade, o que aconteceu nesse período foi uma brusca desvalorização do real perante o dólar, saindo de cerca de R$ 2 em 2012 e chegando a ultrapassar a casa dos R$4 em 2016.
Isso afeta diretamente a taxa de troca de pontos do seu cartão porque, antes de se transformar em pontos, o valor em reais gasto em sua fatura é sempre transformado em dólares. Como hoje você precisa de mais reais para conseguir a mesma quantia de dólares que conseguia em 2012, você também precisaria gastar para ganhar a mesma quantidade de pontos. Ou seja, a taxa de ganho de pontos de seu cartão está diretamente ligada é moeda norte-americana e, consequentemente, varia junto com ele.
A conclusão é bastante simples: sempre que o real estiver se valorizando em relação ao dólar, ficará mais fácil acumular quantidades maiores de pontos no cartão. Mas o caso contrário também é verdadeiro e sempre que o real estiver se desvalorizando ficará mais difícil.
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